A maior produtora de ovos da América do Sul, se torna a primeira empresa na América Latina a se comprometer a comprar pintinhas, que serão as futuras galinhas poedeiras, apenas de incubatórios que não realizarem o descarte dos pintinhos machos
De acordo com o objetivo 12 de desenvolvimento sustentável da ONU, que visa padrões de produção e de consumo sustentáveis, a Mantiqueira Brasil deu mais um passo à frente, agora além de cuidar da sustentabilidade de sua própria produção, está promovendo uma cadeia de fornecimento mais consciente e ética, liderando a transformação da cadeia de fornecimento a banir o descarte de pintinhos machos.
Todos os anos, 84 milhões de pintinhos machos de um dia de vida são desprezados vivos no Brasil, de acordo com a Embrapa. Isso acontece porque como os machos não põe ovos e por esses animais serem de uma linhagem genética que foi selecionada para alta produção de ovos, eles não são atrativos para indústria de produção de frango de corte, por não terem o mesmo desempenho e ganho de peso das linhagens que foram desenvolvidas para essa finalidade. Desta forma, esses animais são descartados, logo após saírem dos ovos, por não terem utilidade no sistema de produção de ovos e de carne. De acordo com Thais Mantovani, gerente de relações corporativas na Animal Equality Brasil, "Esses animais são submetidos a intensa dor e sofrimento e este é um grande problema ético e ambiental."
Por conta da magnitude deste problema que diversos países vêm enfrentando, a Alemanha liderou a corrida para proibir o descarte de pintinhos machos. Em janeiro de 2022 entrou em vigor no país uma lei que proíbe a prática. Até 2024, empresas e produtores devem se adequar à nova lei para que após esta data a sexagem seja feita até o sétimo dia de incubação, data que existe um consenso científico de que o embrião não sente dor. Além disso, outros países como, a Áustria, França e Itália estão trabalhando para banir a prática por meio de legislações.
"Se depender da Mantiqueira Brasil, nosso país será o próximo a pôr fim a essa prática." afirma Leandro Pinto, fundador da Mantiqueira Brasil. Após negociações com a Animal Equality - organização internacional de proteção animal, que atua em oito países pedindo o fim dessa prática - a Mantiqueira assumiu o compromisso passar a comprar pintainhas apenas de fornecedores que realizem a sexagem in ovo, assim que houver uma tecnologia comercialmente disponível, aplicável e economicamente sustentável no país.
A tecnologia citada é chamada de sexagem in ovo e já está comercialmente disponível em alguns países da Europa, mas ainda não chegou ao Brasil. Essa tecnologia é capaz de identificar o sexo do embrião ainda no ovo. Dessa forma, os ovos de embriões machos são removidos do processo de incubação e, assim, não geram os animais do sexo masculino, pondo fim à necessidade de descartar esses animais. Esta é a melhor forma de resolver o problema, não apenas do ponto de vista do bem-estar animal, mas também para reduzir o impacto ambiental. De acordo com estimativa feita pela Animal Equality Brasil, baseados no estudo de Brás (2017), anualmente são descartadas 4.331 toneladas. Não existem informações precisas sobre a destinação do descarte, mas grande parte tem como destino os aterros sanitários e não recebem uma destinação adequada, podendo contaminar solo, água e ar, além de serem uma potencial fonte de contaminação microbiológica. Com o uso da tecnologia de sexagem in ovo, esse "descarte" não será mais necessário para a indústria, evitando a dor que esses animais sentem ao serem desprezados vivos no seu primeiro dia de vida.
A Mantiqueira Brasil, que há muitos anos lidera as iniciativas de bem-estar animal no país, também afirmou que irá apoiar quaisquer iniciativas do governo brasileiro que visem eliminar o sacrifício de pintinhos machos e se comprometeu a comprar de empresas que desenvolvam estas tecnologias e buscam acabar com essa prática no país.